Arqueologia e História Indígena no Sul do Brasil


Disciplina: Arqueologia e história indígena no sul do Brasil (Mestrado e Doutorado)

Número de Créditos: 04-72 horas/aula

Horário: Terça-feira – 08h20-12h

Professor: Dr. Lucas Bueno

Semestre: 2015.2


PLANO DE ENSINO


EMENTA

Esta disciplina visa discutir o processo histórico de ocupação da região sul do Brasil por sociedades indígenas, a partir de uma perspectiva de longa-duração. O foco será a ocupação do sul do Brasil desde as primeiras evidências da presença humana nessa região até os dias de hoje, tendo como eixo as relações estabelecidas entre ocupação humana e transformação ambiental. A partir da discussão de contextos arqueológicos e fontes etnohistóricas, o objetivo da disciplina é problematizar a relação entre contexto etnográfico e contexto arqueológico entre os períodos pós e pré-ocupação europeia, discutindo os impactos dessa ocupação nas formas de organização social e na dinâmica estabelecida pelos grupos indígenas que ocupavam e ocupam a região sul do Brasil no que diz respeito a sua territorialidade. Para tanto serão discutidos temas relacionados à mobilidade, organização social, tecnologia e território dos diversos grupos humanos que habitaram a porção meridional do Brasil antes da ocupação européia, assim como aspectos relacionados a formação e transformação do ambiente ocupado por essas populações ao longo do Holoceno.


JUSTIFICATIVA

A disciplina proposta pretende oferecer fundamentação teórica para pesquisas acadêmicas nas áreas de História Indígena, Etnohistória e Arqueologia vinculadas à problemática da ocupação indígena do sul do Brasil. Pretende-se discutir o caráter interdisciplinar da pesquisa em arqueologia, enfatizando a necessidade de aprofundar e sistematizar conhecimentos sobre os povos indígenas das Américas na longa duração. Para esse propósito a integração de diferentes fontes de pesquisa e o entrecruzamento de diferentes contextos temporais é prerrogativa indispensável, trazendo contribuição significativa para discussão acerca do papel histórico dos indígenas na formação das sociedades nacionais.


CRONOGRAMA


Aula 1 – Apresentação do curso


Aula 2 – Para uma história indígena na longa duração: discutindo Território e Paisagem

1. HECKENBERGER, M. 2001 Estrutura, história e transformação: a cultura xinguana na longue durée, 1000-2000 d.C. Em Franchetto, B. e Heckenberger, M. (org.) Os povos do alto Xingu. História e Cultura. Ed. UFRJ, p.21-62.

2. POLITIS, G.2007 Nukak. Ethnoarchaeology of an Amazonian People. Left Coast Press, Cap. 10:325-344.

Complementar

3. CLEMENT, C. Landscape domestication and archaeology. P.4388-4394


Aula 3 – Problemas de pesquisa em Arqueologia e História Indígena no sul do Brasil

4. NOELLI, F. 1999/2000 A ocupação humana na região sul do Brasil: arqueologia, debates e perspectivas. Revista USP 44(2): 218-269.


Aula 4 – Antiguidade da ocupação humana no sul do Brasil. Território e mobilidade de grupos caçadores-coletores

5. DIAS, A. 2003 Sistemas de assentamento e estilo tecnológico: uma proposta interpretativa para a ocupação pré-colonial do alto vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado. MAE/USP, São Paulo. Cap.3:81-121.

Complementar

6. DIAS, A. e JACOBUS, A. 2001 QUÃO ANTIGO É O POVOAMENTO DO SUL DO BRASIL? Revista do CEPA, 27 (38): 39-67


Aula 5 – A ocupação do Planalto entre o Holoceno Inicial e Médio: homogeneidade x diversidade cultural – DOIS GRUPOS DE LEITURA

7. DIAS, A. E HOELTZ, S. 2010 Indústrias líticas em contexto: o problema Humaitá Arqueologia Sul Brasileira. Revista de Arqueologia, v.23(2):40-67.

8. FARIAS, D. 2005 Distribuição e padrão de assentamento – propostas para os sítios da Tradição Umbu na encosta de Santa Catarina. Tese de Doutorado, UNISINOS, São Leopoldo, Cap.7 e 8: 216-319.

Complementar

9. LOURDEAU, A., HOELTZ, S., VIANA, S. 2014 Early Holocene blade technology in southern Brazil. Journal of Anthropological Archaeology 35: 190–201.


Aula 6 – Configuração ambiental na serra e no planalto entre o Holoceno Final e Médio: dinâmica entre floresta e campo

10. BEHLING, H. 2002 South and southeast brazilian grasslands during late quaternary times: a synthesis. Paleogeography, Paleoclimatology, Paleoecology 177: 19-27

Complementar – DOIS GRUPOS DE LEITURA

11. HADLER , P., DIAS , A., BAUERMANN, S. 2012 Multidisciplinary studies of Southern Brazil Holocene: Archaeological, palynological and paleontological data. Quaternary International.

12. PIERUSCHKA, V., PILLAR, V., DE OLIVEIRA, M. , BEHLING, H. 2013 New insights into vegetation, climate and fire history of southern Brazil revealed by a 40,000 year environmental record from the State Park Serra do Tabuleiro. Veget Hist Archaeobot (2013) 22:299–314 DOI 10.1007/s00334-012-0382-y


Aula 7 – A costa Atlântica ao longo do Holoceno: variações do nível do mar, flutuação da linha da costa e a ocupação sambaquieira. DOIS GRUPOS DE LEITURA

13. CALLIPO, F.2004 os sambaquis submersos de Cananéia: um estudo de caso em arqueologia subaquática. Dissertação mestrado, MAE/USP. Cap.1 e 2: 6-43.

Complementar – DOIS GRUPOS

14. GIANINI, P. ET AL 20 10 Interações entre evolução sedimentar e ocupação humana pré-histórica na costa centro-sul de Santa Catarina, Brasil. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 5, n. 1, p. 105-128.

15. CALLIPO, F. 2010 Sociedades Sambaquieiras, Sociedades marítimas. Cap.6:216-240.


Aula 8 – Senhores da costa: desenvolvimento e diversidade entre as sociedades sambaquieira;

17. GASPAR, M. et al. 2008 Sambaqui societies of coastal Brazil. In Silverman, H., Isbell, W.(Org.) Handbook of South American archaeology, Springer, Chp 18: 319-335

Complementar – DOIS GRUPOS

18. DE BLASIS, P., KNEIP, A., SCHEEL-YBERT, R., GIANNINI, P., GASPAR, M. 2007 Sambaquis e Paisagem. Dinâmica natural e arqueológia regional no litoral do sul de Santa Catarina. Arqueologia Sul-Americana 3:29-61.

19. SCHEEL-YBERT, R. ET AL 2009 Subsistence and lifeway of coastal Brazilian moundbuilders.In Capparelli, A., Chevallier, A., Piqué, R. (org.) La alimentación en la America pre-colombina e colonial:una aproximacion interdisciplinaria.p.37-53.


Aula 9 – Holoceno recente: fim das sociedades sambaquieiras e diversidade cultural na costa Atlântica.

20. DE BLASIS, P., FARIAS, D., KNEIP, A. Velhas tradições e gente nova no pedaço: perspectivas longevas de arquitetura funerária na paisagem do litoral sul catarinense. Texto inédito.

Complementares – 2 GRUPOS

21. NEVES, W. 1984 Paleogenética dos grupos pré-históricos do litoral sul do Brasil (paraná e Santa Catarina). Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, 215p.

22. OKUMURA, M. 2008 Diversidade morfológica craniana, micro-evolução e ocupação pré-histórica da costa brasileira. Pesquisas, Antropologia 66:9-280.


Aula 10 – Entre Planalto e Litoral? Hipóteses sobre a ocupação dos grupos Jê meridionais

23. CORTELETTI, R. 2012 Projeto Arqueológico Alto Canoas – Paraca. Um estudo da presença Jê no Planalto Catarinense. Tese de Doutorado, cap.1:5-33.

Complementares – 2 GRUPOS

24. NOELLI, F. 1999 Repensando os rótulos e a História dos Jê no sul do Brasil a partir de uma interpretação interdisciplinar. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Suplemento 3: 285-302.

25. SCHMITZ, P. E ROGGE, J. 2013 Pesquisando a trajetória Jê meridional. Pesquisas, Antropologia, 70. São Leopoldo:IAP – UNISINOS, p.7-33.


Aula 11 – Estruturas subterrâneas, paisagens construídas e floresta de araucária

26. COPÉ, S. 2006 Narrativas espaciais das ações humanas. História e aplicação da arqueologia espacial como teoria de médio alcance: o caso das estruturas semi-subterrâneas do planalto Sul-brasileiro. Revista de Arqueologia, 19: 111-123

Complementares – 2 GRUPOS

27. IRIARTE, J. ET AL 2013 Sacred landscapes of the southern brazilian highlands: understanding southern proto-Jê mound enclousure complexes. Journal of Anthropological Archaeology, v.32:74-96.

28. REIS, M., LADIO, A., PERONI, N. 2014 Landscapes with Araucaria in South America: evidence for a cultural dimension. Ecology and Society 19(2):


Aula 12 – Migração tupi e arqueologia Guarani no sul do Brasil

30. NOELLI, F. 1993 Sem Tekhoá não há Tekó (em busca de um modelo etnoarqueológico da subsistência e da aldeia Guarani aplicado a uma área de domínio no delta do Jacuí-RS). Dissertação, PUC/RS, Porto Alegre.Cap.1:9-71.

Complementar

31. CORREA, A. 2015 Pindorama de Mboia e Iakarê. Continuidade e mudança na trajetória das populações Tupi.Tese defendida no MAE/USP. P.250-278.


Aula 13 – Territórios e territorialidade Guarani no sul do Brasil

32. BONOMO, M. et al A model for the Guaraní expansion in the La Plata Basin and littoral zone of southern Brazil. Quaternary International 356 (2015) 54-73

Complementar – DOIS GRUPOS

33. MILHEIRA, R. Arqueologia guarani no litoral sul-catarinense: história e território. Tese de doutorado, MAE/USP. Cap.4:129-178.

36. DIAS, A..2003 Sistemas de assentamento e estilo tecnológico: uma proposta interpretativa para a ocupação pré-clonial do Alto vale do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul. Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arqueologia, MAE/USP, cap. 166-219.


Aula 14 – Invasão, contato, continuidade e mudança. Como pensar História Indígena no sul do Brasil hoje?

37. FAUSTO, C. E HECKENBERGER, M. 2007 Indigenous History and the History of the Indians. In Fausto, C, Heckenberger, M. (Ed.) 2007 Time and Memory in Indigenous Amazonia. Anthropological Perspectives, University Press of florida, p.1-43

Complementar – TRES GRUPOS

38. CLEMENT, C. 1492 And The Loss Of Amazonian Crop Genetic Resources. The Relation Between Domestication And Human Population Decline.

39. BRIGHENTI, C. 2012 Terras Indígenas em Santa Catarina. Etnohistória, História Indígena e Educação. Em Notzold, A., Rosa, H., Bringmann, S. (org.) Etnohistória, História Indígena e Educação. Contribuições ao debate. Ed. Palotti, Porto Alegre, p.255-278.

40. DARELLA, M.D. 2004 Ore Roipota Yvy Porã “Nós Queremos Terra Boa”. Territorialização Guarani No Litoral De Santa Catarina – Brasil. Tese de doutoramento apresentada ao PPGCS/PUC-SP, Cap.3;122-160.


Aula 15 – discussão dos trabalhos a serem apresentados


Procedimentos didático-pedagógicos

Leitura orientada e participação nos debates durante a apresentação dos textos. Os trabalhos dessa disciplina serão conduzidos nas modalidades de apresentação e discussão da leitura orientada dos textos propostos como fonte de estudos em cada uma das unidades do programa.

Avaliação:

a) 50% – a partir da participação dos discentes nas leituras e discussões dos textos e projetos previstos no cronograma

b) 50% – entrega de um texto sobre as contribuições propiciadas pela disciplina para as pesquisas em andamento. O texto deverá ter entre 10 e 15 laudas, segundo a ABNT.

c) A aprovação está condicionada a frequência de no mínimo 75%.