Fontes do pensar: oficina interdisciplinar de análise de fontes e produção do conhecimento

DISCIPLINA: Fontes do pensar: oficina interdisciplinar de análise de fontes e produção do conhecimento (DO & ME)

CÓDIGO: HST 510051

Nº DE CRÉDITOS: 04 – 72 horas-aula

HORÁRIO: quarta-feira, 14:00 – 18:00        SALA CSE 214

PROFESSORA: Juliana Salles Machado

 

EMENTA

Esta disciplina visa colocar em foco a trajetória de construção do conhecimento a partir de uma reflexão interdisciplinar sobre a diversidade de fontes, as formas e particularidades de sua análise e o papel do pesquisador na construção de narrativas científicas entre os campos da História, da Arqueologia e da Antropologia. Inicialmente abordaremos alguns conceitos sobre como a produção do conhecimento está pautada na natureza e diversidade de fontes utilizadas, tanto quanto na pluralidade de olhares possíveis sobre estes suportes. Esta reflexão será seguida de alguns exemplos de como lidar com o jogo entre micro (objetos, narrativas orais, biografias, contextos espaciais específicos) e macro escalas na compreensão de fenômenos sociais e históricos distintos. Tais discussões serão feitas tanto a partir de aulas expositivas, discussões de texto e mesas-redondas, quanto, na segunda parte do curso, a partir da realização de quatro oficinas de análise: iconográfica, de objetos, espacial, oral e textual. Para estas oficinas serão utilizadas fontes documentais, análise de objetos e saídas de campo. Estas atividades práticas visam permitir o contato dos alunos com metodologias de análises diversas utilizadas nas disciplinas de história, antropologia e arqueologia. Tais oficinas irão permitir uma maior familiaridade dos alunos com as técnicas analíticas utilizadas por pesquisadores destas áreas na produção do conhecimento. Ao final da disciplina será feita uma reflexão sobre como as trajetórias e escolhas individuais dos pesquisadores geram, ao mesmo tempo, assimetrias na produção do conhecimento, assim como transformam e permitem construções de narrativas científicas possíveis.

 

CONTEÚDO

1. A produção do conhecimento: diversidade de fontes, pluralidade de olhares e assimetrias

2. Jogo entre micro e macro escalas na interpretação das fontes

3. Oficina de análise de narrativas orais

4. Oficina de análise iconográfica

5. Oficina de análise espacial

6. Oficina de análise de objetos

7. Oficina de análise textual

8. Lugares de fala, assimetrias na produção do conhecimento e construções de narrativas científicas possíveis

 

PROGRAMA

 

Aula 1: 09/ago

Apresentação do curso e do programa

 

Aula 2: 16/ago

Módulo 1: A produção do conhecimento: diversidade de fontes, pluralidade de olhares e assimetrias

Discussão de texto e aula expositiva

Leituras:

Van Velthem, Lúcia Hussak. 2009. “Mulheres de Cera, Argila e Arumã: Princípios Criativos e Fabricação Material entre os Wayana.” Mana: Estudos de Antropologia Social 15(1):213-36.

Carneiro da Cunha, Manuela. Cultura entre Aspas. Companhia das Letras. P.311- 373.

 

Aula 3: 23/ago

MÓDULO 2: Jogo entre micro e macro escalas na interpretação das fontes

Discussão de texto e aula expositiva

Leituras:

Gruzinski, Serge. As quatro partes do mundo. História de uma mundialização. UFMG.

Ginzburg, Carlo. 2001. Representação: a palavra, a ideia, a coisa. In: Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. (Livro completo em inglês: Wooden eyes: Nine reflections on distance). 

 

 

Aula 4: 30/ago

Oficina de análise de narrativas orais

Atividade Prática Orientada

Fonte utilizada: Gravações e entrevistas

Texto de apoio: Gombrich, Ernst H. 1999. “Expressão e Comunicação“. In: Meditações sobre um Cavalinho de Pau. São Paulo: EDUSP. Pp. 56-70.

 

06/set – Não Haverá aula

 

13/set – Não Haverá aula

 

Aula 5: 20/set

Oficina de análise iconográfica

Atividade Prática Orientada

Fonte utilizada: Pinturas e fotografias

Textos de apoio:

Klein, Robert. Considerações sobre os fundamentos da iconografia. In: A forma inteligível. São Paulo, EDUSP, 1998: 343-61.

Mitchell, W.J. T. What Do Pictures Want? The Lives and Loves of Images. The University of Chicago Press, 2005:125-144.

 

Aula 6: 27/set

Atividade Prática dos alunos

Fonte utilizada: Pinturas e fotografias

Texto de apoio:

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A fotografia como documento. Robert Capa e o miliciano abatido na Espanha: sugestões para um estudo histórico. Tempo – Revista do Departamento de História da UFF, Niterói, v. 7, n.14, p. 131-151, 2003.

 

Aula 7: 04/out –Aula Prof. Lucas Bueno

Oficina de análise espacial

Aula expositiva e mesa-redonda

Fonte utilizada:

Textos Textos de apoio:

Zedeño, Maria Nieves. On what people make of places. In Schiffer, Michael Brian. Social Theory in Archaeology. The University of Utah Press, 2000: 97-111.

Snead, James; Erickson, C. & Darling, A. Making Human Space: The Archaeology of Trails, Paths and Roads. In Snead, J. Et al. Landscapes of Movement. Trails, Paths, and Roads in Anthropological Perspective. University of Pennsylvania Press, 2009: 1-19.

 

Aula 8: 11/out – Aula Alejandra Matarresse e Juliana Bettarello

Atividade Prática dos alunos

Fonte utilizada: Caminhamento e mapeamento de campo

Texto de apoio:

Taçon, Paul S. C. Identifying Ancient Sacred Landscapes in Australia. From Physical to Social. In Preucel, Robert W. & Mrozowski, Stephen A. Contemporary Archaeological in Theory. Wiley-Blackwell, 2010:77-91.

 

Aula 9: 18/outubro

Oficina de análise de objetos Aula expositiva e atividade prática orientada

Fonte: Textos e Objetos selecionados

Textos de apoio:

Ingold, Tim. 2000. “The poetics of tool use: from technology, language and intelligence to craft, song, and imagination”. In: The Perception of the Environment: 5 Essays on Livelihood, Dwelling & Skill. London: Routledge. Pp. 406-419 e pp. 434- 435 (notas).

Ingold, Tim. 2001. “On Weaving a Basket.” In The Perception of the Environment: Essays in Livelihood, Dwelling and Skill. London: Routledge. Pp. 339–48.

 

Aula 10: 01/Nov

Aula expositiva e atividade prática orientada

Fonte: Textos e Objetos selecionados

Textos de apoio:

Lemonnier, Pierre. 2012. “What materiality means: Objects as resonators”. In: Mundane Objects: Materiality and Non-Verbal Communication. Walnut Creek, CA: Left Coast Press. PP. 119-132.

Oliveira, Thiago Lopes da Costa. 2015. Os Baniwa, os Artefatos e a Cultura Material no Alto Rio Negro. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: PPGAS-MN. Capítulo 5: Materialidade, cartografias e técnicas – a cerâmica baniwa. Pp. 278- 365

 

Aula 11: 08/Nov

Oficina de análise textual

Kopenawa, Davi & Bruce Albert. A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.

 

Aula 12: 15/novembro – feriado – não haverá aula

 

Aula 13: 22/Nov

Lugares de fala, assimetrias na produção do conhecimento e construções de narrativas científicas possíveis

Aula expositiva e Mesa-redonda

Texto de Apoio:

Hodder, Ian. 2012. Entangled : An Archaeology of the Relationships between Humans and Things. Malden, MA: Wiley-Blackwell. Chapter 1: Thinking about things differently. Pp.1-14

Miller, Joana. 2009. “Things as Persons: Body Ornaments and Alterity among the Mamaindê (Nambikwara).” In The Occult Life of Things: Native Amazonian Theories of Materiality and Personhood, edited by Fernando SantosGranero. Tucson: University of Arizona Press. 6 (PDF em espanhol)

 

Aula 14: 29/Nov

Apresentação de trabalhos finais e mesa-redonda

 

Aula 15: 06/dez

Apresentação de trabalhos finais e mesa-redonda

 

AVALIAÇÃO

1) Participação em sala de aula, leituras propostas e desempenho nas práticas e mesas-redondas (peso 25%)

2) Exercício de Análise de fonte (1): Escreva de 3 a 5 páginas de uma análise de uma fonte a ser selecionada entre as oficinas oferecidas ao longo do curso (imagem, objeto, espaço, narrativa e texto). (peso 25%) Prazo máximo de entrega: 18 outubro

3) Trabalho Final: O trabalho consiste em uma análise de uma fonte a ser selecionada dentre as oficinas oferecidas ao longo do curso e distinta da selecionada no exercício de análise. Aqui, o aluno deve apresentar e contextualizar sua fonte, seu método e procedimento de análise e os resultados obtidos na análise. O trabalho deve refletir sobre pelo menos um dos temas abordados no curso e utilizar ao menos quatro autores lidos no curso. (Times New Roman, 12, espaçamento 1,5, Máximo 10 pags) O trabalho escrito deverá ser também apresentado em sala de aula ao final do curso.(peso 50%) Prazo máximo de entrega e apresentação em sala: 29/nov e 06/dez OBS: Os trabalhos devem ser entregues impressos em sala de aula

 

Referências Bibliográficas

Van Velthem, Lúcia Hussak. 2009. “Mulheres de Cera, Argila e Arumã: Princípios Criativos e Fabricação Material entre os Wayana.” Mana: Estudos de Antropologia Social 15(1):213-36.

Carneiro da Cunha, Manuela. Cultura entre Aspas. Companhia das Letras. P.311-373.

Gruzinski, Serge. As quatro partes do mundo. História de uma mundialização. UFMG.

Ginzburg, Carlo. 2001. Capítulo 3 “Representação: a palavra, a idéia, a coisa”. In: Olhos de Madeira: Novas Reflexões sobre a Distância. São Paulo: Cia das Letras. Pp. 85-103.

Gombrich, Ernst H. 1999. “Expressão e Comunicação”. In: Meditações sobre um Cavalinho de Pau. São Paulo: EDUSP. Pp. 56-70.

Klein, Robert. Considerações sobre os fundamentos da iconografia. In: A forma inteligível. São Paulo, EDUSP, 1998: 343-61.

Mitchell, W.J. T. What Do Pictures Want? The Lives and Loves of Images. The University of Chicago Press, 2005:125-144.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. A fotografia como documento. Robert Capa e o miliciano abatido na Espanha: sugestões para um estudo histórico. Tempo – Revista do Departamento de História da UFF, Niterói, v. 7, n.14, p. 131-151, 2003.

Zedeño, Maria Nieves. On what people make of places. In Schiffer, Michael Brian. Social Theory in Archaeology. The University of Utah Press, 2000: 97-111.

Snead, James; Erickson, C. & Darling, A. Making Human Space: The Archaeology of Trails, Paths and Roads. In Snead, J. Et al. Landscapes of Movement. Trails, Paths, and Roads in Anthropological Perspective. University of Pennsylvania Press, 2009: 1-19.

Taçon, Paul S. C. Identifying Ancient Sacred Landscapes in Australia. From Physical to Social. In Preucel, Robert W. & Mrozowski, Stephen A. Contemporary Archaeological in Theory. Wiley-Blackwell, 2010:77-91.

Ingold, Tim. 2000. “The poetics of tool use: from technology, language and intelligence to craft, song, and imagination”. In: The Perception of the Environment: Essays on Livelihood, Dwelling & Skill. London: Routledge. Pp. 406-419 e pp. 434-435 (notas).

Ingold, Tim. 2001. “On Weaving a Basket.” In The Perception of the Environment: Essays in Livelihood, Dwelling and Skill. London: Routledge. Pp. 339–48.

Lemonnier, Pierre. 2012. “What materiality means: Objects as resonators”. In: Mundane Objects: Materiality and Non-Verbal Communication. Walnut Creek, CA: Left Coast Press. PP. 119-132.

Oliveira, Thiago Lopes da Costa. 2015. Os Baniwa, os Artefatos e a Cultura Material no Alto Rio Negro. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: PPGAS-MN. Capítulo 5: Materialidade, cartografias e técnicas – a cerâmica baniwa. Pp. 278-365

Kopenawa, Davi & Bruce Albert. A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.

Hodder, Ian. 2012. Entangled : An Archaeology of the Relationships between Humans and Things. Malden, MA: Wiley-Blackwell. Chapter 1: Thinking about things differently. Pp.1-14

Miller, Joana. 2009. “Things as Persons: Body Ornaments and Alterity among the Mamaindê (Nambikwara).” In The Occult Life of Things: Native Amazonian Theories of Materiality and Personhood, edited by Fernando Santos-Granero. Tucson: University of Arizona Press.

 

Referencias Bibliográficas Complementares

Barcelos Neto, Aristóteles. 2001. “O universo visual dos xamãs wauja (Alto Xingu)”. Journal de la Société des Américanistes, 87, pp. 137-161.

Geertz, Clifford.1983. “Art as a cultural system”. In: Local knowledge: further essays in Gell, Alfred. 1998. Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon Press. Chapters 1-6.

Gell, Alfred. 1999. “Vogel’s net: Traps as artworks and artworks as traps”. In: The Art of Anthropology: Essays and Diagrams. London: The Athlone Press. Pp. 187-214.

Gell, Alfred. 1999. “The technology of enchantment and the enchantment of technology”. In: The Art of Anthropology: Essays and Diagrams. London: The Athlone Press. Pp. 159-186.

Gow, Peter. 1999. “Piro Designs: Painting as Meaningful Action in an Amazonian Lived World”. Journal of the Royal Anthropological Institute 5(2):229-246.

Ingold, Tim. “Materials against materiality.” Archaeological Dialogues 14(1):1-38 (com comentários de Tilley, Knappet, Miller, Nilsson e resposta de Ingold).

Ingold, Tim. 2000. “Totemism, animism and the depiction of animals”. In: The Perception of the Environment: Essays on Livelihood, Dwelling & Skill. London ; New York: Routledge. Pp. 111-131 e Pp. 425 (notas).

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. História e imagem: iconografia/iconologia e além. In: Ciro Flamarion Cardoso; Ronaldo Vainfas. (Org.). Novos Domínios da História. 1ed.Rio de Janeiro: Campus/Elsevier, 2011, v. , p. 243-262.