Temporalidades e Territorialidades: a construção social do espaço

Temporalidades e Territorialidades: a construção social do espaço

PROFESSORA: Juliana Salles Machado


EMENTA O curso visa trazer à luz a diversidade de conceitos relacionados ao espaço, enfocando, mais especificamente, a relação entre humanos e os lugares ao longo do tempo. Através desta abordagem, busca-se ampliar e complexificar a idéia normalmente relacionada a chamada Paisagem, trazendo visões distintas acerca das noções de terra, território, territorialidade e temporalidade, assim como seus significados sociais, cosmológicos, históricos e políticos. Utilizaremos para tanto o uso de estudos de caso oriundos da antropologia, arqueologia, história e geografia, assim como a análise de documentos ligados a demarcação de terras indígenas e experiências coletivas nos chamados “etnomapeamentos” cada vez mais usados no contexto nacional. Com o aprofundamento desta discussão, propoe-se uma reflexão acerca do papel da arqueologia e da história no debate acerca das terras e territórios indígenas atuais.


PROGRAMA

Módulo 1: O Espaço: ambiente, paisagem e lugar – conceitos e descontruções Módulo 2: Conhecimento e manejo ambiental – ambientes domesticados e formações antrópicas Módulo 3: Temporalidade e territorialidade: significados, entrelaçamentos e afetividades Módulo 4: Paisagens de gênero? Mulheres e plantas Módulo 5: Territórios, Terras e direitos originários Módulo 6: O papel da história e a dinâmica do movimento


CRONOGRAMA E BIBLIOGRAFIAS

Módulo 1: O espaço: ambiente, paisagem e lugar – conceitos e desconstruções

Aula 1 e 2 – 11/ago, 18 e 25/Ago

INGOLD, TIM. Being Alive. Essays on movement, knowledge and description. Routledge: Londres, 2011.

VIVEIROS DE CASTRO, EDUARDO B. 2002. A Inconstância da Alma Selvagem. São Paulo: Cosac & Naify.

ZEDEÑO, MARIA NIEVES 2008. The Archaeology of Territory and Territoriality In David, Bruno; Thomas, Julian. Handbook of Landscape Archaeology. Left Coast Press, California, p. 210-217.

CHRISTOPHER R. MOORE AND VICTOR D. THOMPSON. Animism and Green River persistent places: A dwelling perspective of the Shell Mound Archaic. Journal of Social Archaeology, 2012, 12: 264

OLIVER, Jeff Landscapes and social Transformations on the Northwest coast. Colonial Encounters in the Fraser valley. The University of Arizona Press, 2010.


Módulo 2: Conhecimento e manejo ambiental – ambientes domesticados e formações antrópicas

Aula 3 e 4 – 1 e 8/set

BALÉE, William. Footprints of the forest. Ka´apor Ethnobotany – the historical ecology of plant utilization by an Amazonian People.Columbia University Press, 1994. Capítulo 6: Indigenous Forest Mangement, p.116-134.

POSEY, Darell Addison. Indigenous Management of tropical forest ecosystems: the case of the kayapó indians of the Brazilian amazon. In Dove, Michael R. e Carpenter, Carol. Environmental Anthropology. A historical reader. Blackwell Publishing, 2008: 89-101.

POLITIS, Gustavo. Nukak. Ethnoarchaeology of an Amazonian People. Left Coast Press, 2007:161-188.

CLEMENT, Charles R., William M. DENEVAN, Michael J. HECKENBERGER, Andre´ Braga JUNQUEIRA, Eduardo G. NEVES, Wenceslau G. TEIXEIRA and William I. WOODS. The domestication of Amazonia before European conquest. rspb.royalsocietypublishing.org Proc. R. Soc. B 282: 2015.

ERICKSON, C. Amazonia: the historical ecology of a domesticated landscape. In: Silverman , H.; Isbell, W. H. (Eds.). The handbook of South American archaeology. New York: Springer, 2008. p. 157-183.


Aula 5 – 15/set

Questões para mesa redonda Mesa 1: 1) O que se entende por “ambiente” na história indígena e na arqueologia e como ele é inferido? Cite exemplos. 2) Quais são as consequências disto em termos sociais e políticos?


Módulo 3: Temporalidade e territorialidade: significados, entrelaçamentos e afetividades

Aula 6, 7 e 8 – 22, 29/set e 6/out

GOW, PETER 1995. Land, People and Paper in Western Amazonia. In E. H. a. M. O’Hanlon, The Anthropology of Landscape: Perspectives on Place and Space. Oxford, Clarendon Press.

SANTOS-GRANERO, Fernando. Writing History into Landscape: Yanesha Notions of Space and Territoriality. In . In Surrallés, Alexandre & Hierro, Pedro Garcia (Eds.) The Land Within. Indigenous Territory and the Perception of the Environment. Copenhagen, IWGIA, 2005

      • Versão em espanhol aqui.

KOPENAWA, Davi e ALBERT, Bruce. A Queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. São Paulo, Companhia das Letras 2015. Capítulos: O céu e a floresta: 193-220; Sonhar a floresta 311-333.

DESCOLA, Philippe. La selva culta. Simbolismo y praxis en la ecologua de los achuar. Abya-yala, 1996:193-302.

FERGUSON, TJ e COLWELL-CHANTHAPHONH, Chip. History is in the land. The University of Arizona Press, 2006.

NOGUEIRA, L., FALCÃO, M. A., HILÁRIO, MELGUEIRO, M. D. R., PENHA BARRETO, M. A., DA SILVA, M. L., FERNANDES NERI, I., SANCHES, J., RODRIGUES BARROSO, M., DA SILVA DE MENEZES, O., ARAGÃO, R. P., GOMES DE CASTRO, S., MONTEIRO, V., DIAS, C., ELOY, L. & EMPERAIRE, L. 2010. História de vida das plantas e agricultura indígena no médio e alto Rio Negro. In: CABALZAR, A. (ed.) Manejo do mundo: conhecimentos e práticas dos povos indígenas do Rio Negro. São Paulo / São Gabriel da Cachoeira: ISA / FOIRN.


(Não haverá aula no dia 13/out)


Módulo 4: Paisagens de gênero? Mulheres e plantas

Aula 9 – 20/out

Machado, Juliana Salles. Mulheres e plantas. Capítulo 3. Tese: Lugares de gente: mulheres, plantas e redes de troca no delta amazônico, PPGAS, Museu Nacional, UFRJ, 2012.


Módulo 5: Territórios, Terras e direitos originários

Aula 10 e 11 – 27/out e 3/nov

ALBERT, Bruce. Territoriality, Ethnopolitics and Development: the Indian Movement in the Brazilian Amazon. . In Surrallés, Alexandre & Hierro, Pedro Garcia (Eds.) The Land Within. Indigenous Territory and the Perception of the Environment. Copenhagen, IWGIA, 2005

HIERRO, Pedro Garcia. Indigenous Territories: Knocking the gates of Law. In Surrallés, Alexandre & Hierro, Pedro Garcia (Eds.) The Land Within. Indigenous Territory and the Perception of the Environment. Copenhagen, IWGIA, 2005.

ELLEN, Roy and Harris, HOLLY. Indigenous Environmental Knowledge, the History of Science, and the discourse of Development, In Sanga, Glauco e Ortalli, Gherrdo. Nature Knowledge. Ethnoscience, Cognition, and utility. Berghahn books, New York: Oxford, 2004. p.297-300

CARDOSO Thiago Mota. Malhas cartográficas: técnicas, conhecimentos e cosmopolítica do ato de mapear territórios indígenas. Trabalho apresentado durante a IV Reunião de Antropologia da Ciência e da Tecnologia (IV REACT) – 24 a 26 de setembro de 2013 – UNICAMP/SP.

Estudos de caso:

(a) Maya Atlas. The struggle to preserve maya land in southern Beliz. North Atlantic books, Berkeley, California, 1997 GALLOIS, Dominique. Terra Indígena Wajãpi da demarcação às experiências de gestão territorial. Museu do índio, IEPÉ, 2011.

(b) GRUPIONI, Luis Donisete e KAHN, Marina (Org.) Gestão territorial e ambiental em terras indígenas na Amazônia brasileira. Os percursos da Rede de Cooperação Alternativa. IEPÉ, São Paulo, 2013.

(c) OLIVEIRA, Jorge Eremites e Pereira Levi Marques. Ñande Ru Marangatu: laudo antropológico r histórico sobre uma terra Kaiowa n afronteira do brasil com paraguai. Editora UFGD, Dourados – MS, 2009.

(d) NIGRO, Cintia. Para além das correrias. Desafio socioambiental no Alto vale do Itajai. In Ricardo, Fany. Terras Indígenas e Unidades de Conservação da natureza. O desafio das sobreposições. ISA, novembro, 2004: 333345.

PEREIRA, W. S. Laudo antropológico de identificação e delimitação de terra de ocupação tradicional Xokleng : história do contacto, dinâmica social e mobilidade indígena no Sul do Brasil. Porto Alegre : Funai, 1998..


Aula 12 – 10/nov

Questões para mesa redonda Mesa 2: O que estas distintas percepções do manejo ambiental indígena na Amazônia mudam na produção de conhecimento na arqueologia?


Módulo 6: O papel da história e a dinâmica do movimento

Aula 13 e 14 – 17 e 24/nov

FAUSTO, Carlos and Michael HECKENBERGER. Introduction. Indigenous History and History of the “Indians”. In Fausto, Carlos e Michael Heckenberger. Time and Memory in Indigenous Amazonia. Anthropological Perspectives. University Press of Florida, 2007, 1-46.

KOJAN, D. e ANGELO, D. Dominant narratives, social violence and the practice of Bolivian archaeology. Journal of Social Archaeology, 5 (3), 2005.

SILVA, Fabiola. O passado no presente: narrativas arqueológicas e narrativas indígenas. In Meneses, Lucio. Multivocalidade, 2013, no prelo.

KRENAK, Ailton. O eterno retorno do encontro. In Novaes, Aduto, A outra margem do ocidente. São Paulo, Companhia das Letras,1999: 23-32.

Estudos de Caso:

(a) AFFONSO, Ana Maria Ramo (org.) Guata Porã. Belo Caminhar. Centro de Trabalho Indigenista: Comissão Guarani Yvyrupa: IPHAN, 2015.

(b) GALLOIS, Catherine. Wajapi rena: roças, patios e casas. Museu do Índio, FUNAI, Rio de Janeiro, 2009.


Aula 15 – 24/nov

Questões para mesa redonda Mesa 3: Refletir como nossas pesquisas sobre território refletem ou não as noções indígenas sobre sua terra. Cite exemplos.


AVALIAÇÃO

1) Resenha crítica – Escreva uma resenha crítica de 3 a 5 páginas sobre cada uma das três mesas-redondas realizadas em sala de aula, utilizando como referência ao menos 2 textos da disciplina para cada resenha. Prazo máximo de entrega:

Mesa Redonda 1: 22 setembro Mesa Redonda 2: 17 novembro Mesa Redonda 3: 01 dezembro (enviar por email)

2) Trabalho Final: Refletir sobre um dos temas abordados no curso à luz de seu próprio contexto de pesquisa utilizando ao menos quatro autores lidos no curso. (Máximo 10 pags) . Prazo máximo de entrega: 10 dezembro

OBS: Os trabalhos devem ser entregues por email: julianasallesmachado@gmail.com Só serão considerados entregues os trabalhos após as confirmações de recebimento dos mesmos.