Entre os dias 10 e 15 de setembro de 2017 será realizado o XIX Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira, na UFPI, em Teresina/PI, e pesquisadores do LEIA estarão presentes!
O prof. Dr. Lucas Bueno organiza, junto com o Dr. Antoine Lourdeau, o simpósio “Povoamento da América e o Último Máximo Glacial: barreira física, populacional ou intelectual?”, sendo que apresentará também o trabalho “Povoamento da América em contexto: diversidade cultural nas Américas no fim do Pleistoceno”.
A prof. Dra. Juliana Salles Machado, com conjunto com o Prof. Dr. Jorge Eeremites de Oliveira (UFPEL), organiza o simpósio temático “Arqueologia, Descolonialidade e Povos e Comunidades Tradicionais”. Resumo a seguir:
Desde a segunda metade do século XX, sobretudo a partir dos anos 1990, as ciências humanas e sociais passaram a ser (re)pensadas a partir de problemas relacionados ao colonialismo e à colonialidade do saber e do poder. Em muitos debates realizados desde então, o colonialismo tem sido percebido dentro do pensamento científico como um paradigma relacionado à conformação dos campos do conhecimento ditos ocidentais, historicamente constituídos no contexto do encontro colonial e, por conseguinte, da negação de saberes e cosmologias de coletivos humanos em situações históricas marcadas por assimetrias de classe, raça e gênero. Também tem sido percebido como um sistema estruturante de relações sociais de poder e tentativas de dominação e exploração, relacionado ao colonialismo interno e ao colonialismo global ou sistema mundo. Ressalta-se ainda que não está necessariamente ligado ao período colonial ou ao chamado colonialismo histórico, tendo sido também identificado como produto do capitalismo e do imperialismo. No caso do Brasil, verifica-se, especialmente a partir da década de 2000, o crescimento de estudos arqueológicos pautados por uma busca de formas de atuação mais simétricas e descoloniais junto à povos e comunidades tradicionais. Muitos desses coletivos estão cada vez mais cientes da importância da disciplina para a reafirmação da identidade étnica e a reivindicação de direitos territoriais junto ao Estado nacional, dentre outras possibilidades, como o seu uso na produção de saberes voltados à educação escolar indígena. Estudos desse tipo têm sido realizados em praticamente todo o território nacional, e também em outros países da América e de outros continentes, muitos deles sob forma de trabalhos acadêmicos. Partindo dessas percepções, o presente simpósio temático tem o propósito de reunir arqueólogas/os e profissionais de áreas afins para uma reflexão crítica e um compartilhamento de experiências relacionadas a estudos que envolvam a relação entre a materialidade, o paradigma da descolonialidade e os povos e comunidades tradicionais, especialmente os povos indígenas e as comunidades remanescentes dos quilombos. Estará aberto a pesquisadoras/es em diferentes níveis de formação acadêmica e valorizará trabalhos ligados à história indígena na longa duração, etnoarqueologia, arqueologia indígena, arqueologia pública, arqueologia colaborativa, etno-história entre outras abordagens.
Neste simpósio, além da coordenação da mesa, a prof. Dra. Juliana Machado participará como autora principal do trabalho “Arqueologias possíveis: sobre as paisagens ameríndias em movimento e a decolonidade na construção do conhecimento” e como co-autora do trabalho “Estudo de matérias primas líticas de artefatos de abrasão e picoteamento do Alto Vale do Itajaí (SC)” – de autoria conjunta de Alejandra Matarrese, Laercio Brochier, Juliana Salles Machado Bueno, Ana Lúcia Vulfe Nötzold.
Além disso, a aluna Victoria Scabora, graduanda em História, irá apresentar um poster em co-autoria com a Dra. Juliana Machado sob título: “Entre Ceramista e Professora: um estudo etnoarqueológico da Mulher Guarani e seu saber-fazer”. Resumo:
Esta pesquisa propõe-se como um estudo etnoarqueológico da mulher Guarani, buscando compreender as formas de seu saber-fazer e os processos de ensino aprendizagem no passado e no presente. A partir das histórias de vida dessas mulheres na contemporaneidade e nas escolhas culturais e tecnológicas do seu passado, espera-se compreender a complexa dinâmica do papel social assumido por elas. Para tratar da atuação da mulher Guarani hoje do estado de Santa Catarina, utilizei dados bibliográficos oriundos de entrevistas com acadêmicas presentes na Universidade Federal de Santa Catarina, áudios-visuais das mulheres indígenas da UFSC produzidos para o 13° Congresso Mundo de Mulheres e Fazendo Gênero e informações registradas a partir de conversas com moradoras Guarani das Terras Indígenas próximas a Florianópolis, em especial as interlocutoras da aldeia Morro dos Cavalos. Já para inferir perspectivas sobre o passado deste povo serão utilizadas as coleções cerâmicas Guarani pertencentes ao acervo do MARQUE/UFSC para a análise tecnológica de elementos da produção material pré-colonial. O repertório cerâmico analisado é referente ao sítio arqueológico Albardão I, que se localiza dentro do Parque Estadual Serra do Tabuleiro, especificamente no município de Palhoça-SC.