28º SIC – “No tempo do mato”: uma etnoarqueologia da territorialidade

21/08/2018 16:18

Bianca Costi Farias, bolsista de iniciação científica do LEIA, editou um vídeo a respeito da sua pesquisa para ser apresentado no 28º Seminário de Iniciação Científica. Confira abaixo o resumo e o vídeo.

 

“No tempo do mato”: uma etnoarqueologia da territorialidade”

Resumo: A presente pesquisa visou o estudo de artefatos cerâmicos de origem Guarani encontrados no sítio arqueológico Encantada (SC-PEST-07), no Parque Estadual Serra do Tabuleiro. Esta análise buscou compreender a tecnologia empregada e as escolhas da cadeia operatória realizadas ao longo dos processos de produção, uso e descarte dos vestígios cerâmicos. As peculiaridades encontradas nas peças da coleção, como os roletes bem visíveis, a presença de grãos minerais grandes e evidentes e o padrão de quebra diferenciado levaram a demanda por um estudo a partir da perspectiva tecnológica. Além disso, devido ao fato de o sítio localizar-se em uma duna, ambiente diferenciado que se destaca do entorno, foram analisadas as suas possíveis influências nas técnicas empregadas na cerâmica, investigando as relações entre este meio e a produção dos artefatos. Foi objetivado, portanto, o estudo destas possibilidades de relação entre a duna e a cerâmica, dialogando-se com o conceito de territorialidade. Este diz respeito ao relacionamento entre os povos indígenas e o território em que vivem, e que influencia em sua visão de mundo e produção de conhecimento – e, portanto, na confecção dos artefatos cerâmicos. Através do levantamento bibliográfico a respeito da ocupação Guarani no sul do Brasil e no litoral catarinense, bem como da análise quantitativa e qualitativa dos vestígios cerâmicos e da realização da remontagem dos fragmentos com encaixe, foram obtidos alguns resultados. Percebendo-se a presença de grandes grãos minerais nas cerâmicas analisadas, foi possível deduzir que a duna teve sim uma influência na produção dos artefatos, o que pode ter resultado em algumas das falhas tecnológicas encontradas. Além disso, a análise indicou que a região de Gamboa consistiu em um território de ocupação permanente pelos indígenas Guarani, o que pode-se perceber através da grande dimensão dos vasilhames e da alta quantidade de fragmentos com encaixe.

Palavras-chave: territorialidade, etnoarqueologia, Guarani, história indígena, cerâmica.